quinta-feira, 21 de maio de 2009

Amanheceu.
Percebo que a claridade tomou conta do quarto. Um sorriso surge em meu rosto. Sorriso que vem com o sentimento de alegria pela noite tão perfeita.

Abro os olhos e viro para o lado. Você não está lá. 

O sorriso instantaneamente se desfaz, dando lugar agora a uma expressão de dúvida e decepção.
Momentos de entrega, de confissões íntimas, longas conversas, abraços, beijos...

Tudo não passou de um sonho.

Sonho que pareceu durar semanas, meses. E no sonho eu tinha sonhos. Sonhava com a gente junto, vivenciando grandes momentos, compartilhando vitórias, fazendo a nossa história.

Mas eu acordei e você não estava ao meu lado. Sua história já estava sendo escrita e eu não fazia parte dela.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Meu peito fica tão apertado que parece que algo comprime meu coração. Minha alma sofre tanto que precisa transbordar esse sentimento. Eu choro.
Por que um simples sonho se fez tão vivo e verdadeiro em minha mente?

Não era um simples sonho. Era a união de todas as minhas expectativas, esperanças e anseios depositados em alguém.

Estou sozinho e não há nada a ser feito. 

Levanto da cama, vou até a janela, abro as cortinas e vejo os carros passando na rua. Tantas pessoas e ninguém ao meu lado. Não tenho a quem me lamentar, com quem compartilhar minha dor e meu pesar.

Não vou telefonar para você, não mandarei flores, não farei serenata embaixo do seu prédio, não me declararei para você.

Nada vai mudar o que você sente por mim, ou melhor, não sente.

O que eu posso mudar é o que eu sinto por você.

Tomo um banho quente, visto uma calça jeans, camiseta e tênis e saio para dar uma volta pela cidade. Entro no meu carro. Ele sim me compreende. Quantas vezes voltando pra casa eu falava sozinho, me lamentava para o vento que entrava pela janela parcialmente aberta, chorava sobre o banco já não tão novo do meu carro? Você me vem à cabeça novamente.
Começo a andar. Passo por ruas, prédios, observo pessoas, cachorros nas ruas, árvores cortadas, mais ruas, mais prédios.

Paro então o carro ao lado de uma padaria e resolvo andar um pouco a pé. 

Ando por entre prédios e encontro um banco no meio de um jardim florido e convidativo a me sentar.
E ali, naquele banco, em meio a pensamentos diversos percebo como sou feliz. É então que percebo que tenho amigos presentes, uma família que sempre está ao meu lado, conquistas alcançadas. 
Não tenho você. Mas você é um sonho. 

E eu quero realidade. 

Levanto-me e o sorriso já se faz presente em meu rosto novamente. Caminho rumo ao meu carro que está do outro lado da rua.

Ouço então uma buzina e uma freada brusca. Eu não tinha percebido que um carro vinha em minha direção. 

Fico pálido e minhas pernas tremem a ponto de achar que não me agüentarei em pé. Ando para a calçada e olho para o motorista que quase me atropelou, querendo lhe pedir desculpas por minha atitude.

Vejo então que o motorista é você.

E num gesto eu aceno, sorrio, peço desculpas e lhe digo: eu estou bem.


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